Haverá quem afirme que fui muito longe em minhas pesquisas sobre as origens do caratê, mas eu digo que para se conhecer bem algo é necessário buscar suas raízes. Eu mesmo nada sabia de caratê até alguns anos exceto aquilo que era retratado em filmes. Já por muitas vezes escutei associarem a palavra "caratê" como sinônimo de qualquer luta oriental, generalizando e banalizando este nome. Com a minha paixão pelo caratê crescendo, me vi na tarefa de conhecer mais a fundo esta arte, além do que o "conhecimento popular" me ensinou.
Pesquisas superficiais indicaram o caratê como uma arte criada pelo grande mestre Gichin Funakoshi. Sim, sem dúvida o mestre Funakoshi é o pai do caratê moderno, esquematizado da forma como o conhecemos hoje. Portanto, afirmar que o caratê é criação do mestre Funakoshi não é errôneo, porém esta informação é incompleta; afinal, o mérito do grande mestre está em organizar e popularizar um sistema de luta que teve sua origem muitas gerações antes dele, na ilha de Okinawa. A parte final desta matéria sobre a história do caratê retratará a vida e obra de mestre Funakoshi em detalhes.
De forma alguma tenho a intenção de desmerecer o grande mestre, a quem reverencio como patrono aclamado desta arte que se tornou um sistema norteador da minha vida. Mas quando conheci mais sobre o caratê percebi que suas origens são bem mais recuadas no tempo, e determinei-me a saber mais.
Aprendi sobre a história de Okinawa e suas artes autóctones, sobre o Naha-Te, o Tomari-te e o Shuri-te, e percebi que estas artes foram desenvolvidas com base no kung-fu dos monges chineses. Fui portanto conhecer mais sobre o kung-fu, e vi que esta arte teve origem com a própria história da China, mas o grande marco do desenvolvimento desta arte foi a codificação concebida no templo budista de Shaolin pelo venerável Bodhidharma, um monge budista indiano. Portanto, as raízes que eu buscava estavam na índia: o vajramushti, considerada a arte marcial primordial, da qual derivam todas as outras. O vajramushti tem forte influência do budismo que, mais que uma religião, é um fator cultural e histórico da Índia e que, ao contrário do que muitos acreditam, não deve sua origem exclusivamente à vida e obra de Siddhartha Gautama.
Ficou estabelecido portanto o marco inicial de minha pesquisa: a história do budismo. Daí passarei a tratar do vajramushti, passando pelo kung-fu e a seguir as artes okinawenses, para só então tratar do caratê moderno.
Àqueles, como eu, curiosos quanto à origem das artes marciais, tentarei detalhar o mais possível a pesquisa, sempre referenciando para aqueles que quiserem aprofundar-se ainda mais. A seguir, publicarei a primeira parte da pesquisa, que vem a ser a história do budismo.
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