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segunda-feira, 21 de março de 2011

[ARTES MARCIAIS] O que é caratê?

     As artes marciais são um tema, para mim, fascinante. Deve ser mal de família, já que meu irmão Zé também é um estudioso do tema: seu tema de monografia como trabalho de conclusão do curso superior de educação física versou sobre as artes marciais.
     A verdade é que ambos somos apaixonados por artes marciais, e isso já desde muito cedo. Começamos, eu e meu irmão Zé, a estudar o tema há uns 13 anos atrás, mais ou menos. Na época, começamos a treinar taekwon-do no colégio industrial, onde estudávamos, mas ele não durou muito nessa arte marcial. Poucos meses depois o instrutor Eliseu (Tampinha, para os capoeiristas) começou a dar aulas de capoeira no mesmo colégio, e foi amor à primeira vista para o Zé. Largou o taekwon-do, começou a treinar capoeira e não parou mais. Hoje ele alcançou a graduação, ou titulação, como preferir, de monitor (habilitado a lecionar), e é casado com uma capoeirista também, a minha cunhada Paula.
     Já o meu irmão Paulo é preguiçoso demais pra artes marciais. Começou a treinar caratê aos 20 e poucos anos, e não durou muito. Largou em poucos meses.
     Eu segui uma estrada mais comprida que meus irmãos, no quesito autoconhecimento. Eu continuei a treinar taekwon-do depois que meu irmão migrou pra capoeira por uns sete anos, sendo que nos últimos três desses anos treinei capoeira simultaneamente. Desisti do taekwon-do e permaneci na capoeira por mais dois anos, experimentando de vez em quando outra arte marcial, como kickboxing e muay-thay, mas sempre por pouco tempo (acho que só fiz uma semana de muay-thay, por exemplo). Depois, acabei por desistir da capoeira também.
     Poderia-se dizer que eu andava indeciso, ou que não sabia o que queria, mas não é bem assim. Eu sempre soube exatamente o que queria, e estava à procura. Enfim, encontrei: o caratê.
     Trata-se de uma arte marcial que reúne todos os requisitos que eu buscava: condicionamento físico, defesa pessoal, filosofia, ética, honra e repúdio à competição. Não que estes elementos não estejam presentes em outras artes marciais, mas no caratê Shotokan tradicional, a minha modalidade, são bem mais acentuados. Quanto ao repúdio à competição, explico: é claro que existem vertentes do caratê direcionados à competição (tanto que é uma modalidade olímpica), mas o estilo Shotokan, principalmente o ensinado pelo mestre Nelson Cardoso, 3º dan, busca a construção do carateca como guerreiro, como cidadão e como pessoa, objetivando uma filosofia que vale mais que mil troféus ou medalhas de ouro. Quem tiver a oportunidade de conhecer meu mestre e sua filosofia, certamente compreenderá do que estou falando...
     Enfim, chega o momento em que busco trazer a quem tiver interesse todo o conhecimento que aprendi e busquei sobre esta que se tornou minha segunda paixão (sendo a primeira, agora e para sempre, a minha Jany (^_^) Qualquer dúvida, ao final de cada postagem vou incluir a fonte (quase sempre wikipédia, sou só um organizador) e me disponho a responder a quaisquer dúvidas que surgirem. Se eu não souber a resposta, buscarei (inclusive perguntando ao mestre) e postarei.
     Divirtam-se.
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O Que é Caratê


     Caratê (português brasileiro) ou caraté (português europeu) é uma arte marcial japonesa que se desenvolveu a partir da arte marcial autóctone de Okinawa sob forte influência do chuan fa[1] chinês. Seu repertório técnico abrange principalmente golpes contundentes (atemi waza[2]), como chutes, socos, joelhadas, tapas etc., executadas com as mãos desarmadas[3]. Todavia, técnicas de projeção, imobilização e bloqueios (ne waza[4], katame waza[5], uke waza[6]) também são ensinados, com maior ou menor ênfase dependendo do onde se aprende.
     O atual estágio da modalidade dá ênfase à evolução do condicionamento físico, desenvolvendo velocidade, flexibilidade e capacidade aeróbia para participação de competições, ficando relegada àquelas poucas escolas tradicionalistas a prática de exercícios que visam desenvolver a resistência dos membros e de provas de quebramento de tábuas de madeira, tijolos ou gelo. De um modo simples, há na atualidade duas correntes maiores, uma tendente a preservar o caractere marcial e outra, que pretende firmar o aspecto esportivo.
     A evolução da arte marcial aconteceu capitaneada por grandes mestres, que a conduziram e assentaram suas bases, resultando no caratê moderno, cujo trinômio básico de aprendizado repousa em kihon (técnicas básicas), kata (sequência de técnicas, simulando luta com várias aplicações práticas) e kumite (luta propriamente dita, que pode ser simulada, esportiva ou real).
      Ainda que comunguem de similitude técnica de origem, surgiram diversas variações de escolas, até umas dentro das outras, pretendendo difundir seu modo peculiar de entender o caratê. Tal circunstância, que foi combatida por mestres de renome, acabou por se consolidar e gera como consequência atual a falta de padronização e entendimento entre entidades e praticantes. Daí, posto que aceito mundialmente como esporte, classificado como esporte olímpico e participando dos Jogos Pan-Americanos, não há um sistema unificado de valoração para as competições, ocasionando grande dificuldade para sua aceitação como esporte presente nos Jogos Olímpicos.
     O estudioso/praticante do caratê chama-se carateca, que busca desenvolver disciplina, filosofia e ética, além de defesa pessoal e condicionamento físico.
     A grafia: "Caraté" ou "caratê" são as formas de grafia correta em língua portuguesa. Em que pese a vigência do Acordo Ortográfico de 1990, pelo qual as letras “K”, “W” e “Y” passaram a fazer parte do alfabeto, a grafia com a letra “K”, posto que seu uso seja difundido entre as associações representativas, deve ser desestimulada, ante o processo histórico/natural de aportuguesamento da grafia. O uso da forma com a letra “K” parece dever-se à circunstância fática de os líderes das entidades desconhecerem, no mais das vezes, as normas de gramática, devido suas origens, tradicionamente estrangeiras. A variação com acento circunflexo jutifica-se, no Brasil, pela influência da língua francesa, em Portugal, com acento agudo, por recepção direta do japonês, na qual o som da letra final seria aberto.
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NOTAS

[1]Chuan Fa: é um termo chinês que literalmente significa "arte da guerra". No Brasil o termo normalmente usado é o Kung Fu. No entanto, na China este termo caracteriza qualquer tarefa feita com perfeição, não apenas artes marciais. Temos também outro termo bastante usado na China, Kuoshu, que significa "arte nacional", este termo foi imposto pelo governo chinês para designar a arte marcial (Wushu) de uma forma mais nacionalista.

[2]Atemi waza: é conjunto de técnicas que são aplicadas num determinado ponto; técnicas traumáticas aplicadas nos pontos vitais: o lutador visa um ponto específico no corpo do adversário, para, quando o atingir, causar não uma lesão, mas um desequilíbrio no fluxo de energia (Ki).
Importante ressaltar de que tais técnicas não são exclusividade desta ou aquela arte marcial, o que sucede em verdade é que as modalidades de lutas dão maior ou menor ênfase em sua aplicação; por exemplo, o caratê tem como cerne o emprego deste tipo de técnica.

[3]Mãos vazias: etimologicamente, caratê significa mãos vazias (kara=vazias, te=mãos). Originalmente, este termo tinha outro significado, embora preservasse a mesma pronúncia: significava mão da China (kara=China, te=mão), devido ao fato desta arte ter suas raízes neste país. A palavra, que embora seja pronunciada da mesma forma, é escrita com caracteres diferentes, mudou seu sentido quando o amadurecimento do caratê diferenciou-o das artes chinesas de onde provém. Foi o mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), pai do caratê-dô contemporâneo, quem mudou o sentido da palavra, mudando o ideograma que a forma sem alterar sua pronúncia, trocando-o pelo ideograma correspondente à palavra “vazio”. A significação atual do nome caratê significa, portanto, “mãos vazias” referindo ao princípio da luta desarmada tanto quanto à visão do carateca como pessoa livre de influências materiais.

[4]Ne waza: é o conjunto de técnicas de solo, que dentro do judô e do jiu-jitsu engloba várias outras técnicas.

[5]Katame waza: é o conjunto de técnicas de artes marciais japonesas que têm por escopo submeter o oponente a controle completo por meio da aplicação de golpes/técnicas sobre as articulações e sistema circulatório do corpo.

[6]Uke waza: é o termo pelo qual se conhecem as técnicas de defesa das artes marciais japonesas. Muito embora seja traduzida como técnicas de bloqueio, o correto é defesa, pois uma defesa pode ser feita bloqueando ou desviando o golpe, ou ainda esquivando-se. Assim, seguindo a filosofia do aiquidô de não-agressão, as defesas se fazem controlando o fluxo de energia do adversário de modo a subjugar sem ferir.
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